Segundo a Organização das Nações Unidas, o Brasil registra cerca de 35 milhões de jovens, sendo 8 milhões usuários de drogas, lícitas ou ilícitas. Destes, 100 mil são dependentes. Nos últimos 20 anos, a porcentagem de jovens que usam ou já usaram drogas no país passou de 15% para 25%. A idade inicial para experimentar drogas era 14 anos e passou para 9 anos.
Dados afirmam que quase 2 milhões de brasileiros já usaram crack pelo menos uma vez na vida, sendo 1,8 milhões de adultos e 150 mil adolescentes.
Mas não é só o crack que assusta e preocupa as entidades de saúde. Uma pesquisa revelou que em 2011 foram registrados 21 internações de menores de 19 anos por transtornos mentais acarretados pelo abuso de álcool e drogas. Segundo o Ministério da Saúde de 2009 a 2011 houve um crescimento de 29,5% de internações, sendo a maioria do sexo masculino com 75,6% e prevalência de idade entre 15 a 19 anos. De acordo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, em pesquisa realizada nas escolas de ensino médio, 60,5% dos entrevistados afirmaram já ter usado álcool e 0,6% ter experimentado crack.
De acordo com os dados citados nos primeiros parágrafos, percebe-se que as Políticas de Prevenção a Álcool e outras drogas, não estão sendo eficazes. O jovem está iniciando o consumo de drogas cada vez mais cedo e com isso o número de dependentes tem aumentado. Necessitando, portanto de uma política antidrogas mais eficaz, com investimento em consultórios de rua, CAPS 24 horas, ala nos hospitais com especialidade médica em reabilitação e atendimento para estes casos, dentre outras. Mas ao contrário disso, atualmente estamos vivenciamos a “febre da internação compulsória”. Onde estados e municípios “desesperados” para resolver a questão da drogadição, resolveram decretar estado de calamidade pública e adotaram como solução a internação compulsória para usuários de crack e moradores de rua.
O debate ganhou destaque nos últimos meses. Entretanto sabemos que apenas 10% dos casos que são encaminhados para internação compulsória dão resultado positivo. Não é que a internação compulsória não seja necessária, o que precisa é uma reflexão sobre a forma que esta prática esta sendo aplicada. A internação compulsória não pode se tornar uma medida de promoção à saúde desses dependentes. Ainda se faz necessário, urgentemente, uma política de prevenção eficaz.
Vale ressaltar que nem todo morador de rua é usuário de drogas. Temos consciência da relação entre drogadição e a violência, mas, “jogar” esses usuários dentro de uma clinica – a qual não sabemos se realmente tem estrutura, ou se temos clínicas suficientes – para apenas retirá-los da rua, não estaríamos resolvendo este problema, apenas retardaríamos.
Essa medida não pode ser usada para “limpar as ruas”, devemos lembrar que isso é reflexo de precariedade e ou ausência de políticas sociais.
A internação compulsória poderá mascarar os problemas existentes. É necessário tratar de forma humanitária e adequada os dependentes químicos, mas paralelo a isso é necessário à construção de uma política de prevenção às drogas eficaz que faça o jovem ser o interlocutor com outros jovens.